A IVERMECTINA REDUZ O DIMORFISMO SEXUAL EM MODELOS COMPORTAMENTAIS DE EXPLORAÇÃO, ANSIEDADE E DEPRESSÃO DE CAMUNDONGOS C57BL/6

Autores

  • Maria Martha Bernardi Universidade Paulista
  • Bruna Cristina Garcia Silva Orlando Universidade Paulista
  • Paula da Silva Rodrigues Universidade Paulista
  • Pamela Luiz Garcia Universidade Paulista
  • Thiago Berti Kirsten Universidade Paulista

Palavras-chave:

campo aberto, labirinto em cruz elevada, teste de suspensão da cauda, avermectinas, GABA.

Resumo

As avermectinas e as milbemicinas, muitas vezes também referidas como lactonas macrocí­clicas, são os medicamentos antiparasitários mais vendidos no mundo, sendo amplamente utilizados na medicina veterinária, na agricultura e em medicina humana. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos sexualmente dimórficos da ivermectina (IVM) em camundongos C57BL/6 em modelos animais ligados à emocionalidade. Para tanto, os camundongos machos e fêmeas foram tratados com duas doses terapêuticas da IVM (0,2 ou 1,0 mg/kg) ou solução salina a 0,9%. Vinte e quatro horas após estes tratamentos, foram observados em campo aberto, no labirinto em cruz elevada e no teste de suspensão da cauda. Os resultados mostraram que, em relação aos camundongos machos: 1) a ivermectina, nas duas doses, impediu o dimorfismo sexual na frequência de locomoção e reduziu, em fêmeas, a frequência de levantar e o tempo de imobilidade; 2) no labirinto em cruz elevada, as fêmeas mostraram aumento no tempo de braço aberto e no comportamento de risco e redução na frequência de entradas no braço fechado; 3) no teste de suspensão da cauda a ivermectina impediu a expressão do dimorfismo sexual. Concluiu-se que, nos modelos atividade geral em campo aberto, labirinto em cruz elevada e suspensão da cauda, a ivermectina produz efeitos sexualmente dimórficos em camundongos C57BL/6. Os efeitos mais proeminentes da ivermectina ocorreram em fêmeas.

Biografia do Autor

Maria Martha Bernardi, Universidade Paulista

Mestre e doutora em Fisiologia, área de concentração em Farmacologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo,Pós-doutorado pela FMVZ-USP.  Licenciatura em Ciências Biológicas-IB-USP.  Prof. Titular do Curso de Pós-graduação em Patologia Ambiental e Experimental  da Unviersidade Paulista,Coordenadora do grupo de pesquisa CNPq: Neuropsicofarmacologia Experimental e Ambiental. Vice-coordenadora da CEUA/UNIP.  Pesquisador 1 B-CNPq.

Bruna Cristina Garcia Silva Orlando, Universidade Paulista

Biomédica formada pela Universidade Paulista. Mestranda do curso de Pós-graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista.

Paula da Silva Rodrigues, Universidade Paulista

Biomédica formada pela Universidade Paulista. Mestranda do curso de Pós-graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista.

Pamela Luiz Garcia, Universidade Paulista

Biomédica formada pela Universidade Paulista. Mestranda do curso de Pós-graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista.

Thiago Berti Kirsten, Universidade Paulista

É Mestre e Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Patologia Experimental e Comparada). Possui Pós-doutorado pela FMVZ-USP. É Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Mackenzie. Atualmente é Professor Titular e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista. É lí­der do grupo de pesquisa CNPq: Neuropsicofarmacologia Experimental e Ambiental. É membro titular da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-UNIP)

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Publicado

2018-11-09

Edição

Seção

Artigos