SUSTENTABILIDADE E COOPERATIVISMO:
UM ESTUDO SOBRE A REGIÃO SUDOESTE DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Ivan Maia Tomé*

Professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Luís Paulo Bresciani 

Professor Doutor da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Professor do Doutorado em Administração da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)

Filipe Silva

Administrador pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)

Camila Martins

Administrador pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)

Carolline Melo

Administrador pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP)

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho é descrever a relação de parcerias entre empresas, que atuam em várias partes do território nacional, e cooperativas de reciclagem da sub-região sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Como objetivos específicos busca-se evidenciar o perfil de cooperativas de reciclagem, descrever o desempenho de cooperativas de reciclagem e descrever as parcerias entre organizações e cooperativas de reciclagem. O referencial teórico contém uma compilação dos temas de sustentabilidade especificamente da área ambiental, parcerias organizacionais considerando as realidades regionais e a política nacional de resíduos sólidos através das cooperativas de reciclagem. Com o questionário, obtiveram-se informações quanto ao perfil do entrevistado, as características das cooperativas de reciclagem, como transporte e produção, e as parcerias que as cooperativas possuem com empresas, mensurando as parcerias por doações e por outras práticas. Foi feita uma análise descritiva nas cooperativas encontradas na sub-região sudoeste da RMSP (Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Juquitiba e Taboão da Serra) com a coleta de dados por meio de questionário semiestruturado e de pesquisa documental. Um resultado como destaque é o que acontece com a cooperativa Coopermape, que possui um número de nove empresas parceiras para doação de materiais recicláveis. Com algumas parcerias organizacionais percebem-se as possibilidades de efetividade de conceitos como sustentabilidade ambiental pelas parcerias entre cooperativas e médias e grandes empresas.
Palavras-chave: resíduos sólidos; parcerias; cooperativas de reciclagem; sustentabilidade.

SUSTAINABILITY AND COOPERATIVE:
A STUDY ON THE SOUTHWESTERN REGION OF METROPOLITAN REGION OF SÃO PAULO

ABSTRACT

O objetivo geral deste trabalho é descrever a relação de parcerias entre empresas, que atuam em várias partes do território nacional, e cooperativas de reciclagem da sub-região sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Como objetivos específicos busca-se evidenciar o perfil de cooperativas de reciclagem, descrever o desempenho de cooperativas de reciclagem e descrever as parcerias entre organizações e cooperativas de reciclagem. O referencial teórico contém uma compilação dos temas de sustentabilidade especificamente da área ambiental, parcerias organizacionais considerando as realidades regionais e a política nacional de resíduos sólidos através das cooperativas de reciclagem. Com o questionário, obtiveram-se informações quanto ao perfil do entrevistado, as características das cooperativas de reciclagem, como transporte e produção, e as parcerias que as cooperativas possuem com empresas, mensurando as parcerias por doações e por outras práticas. Foi feita uma análise descritiva nas cooperativas encontradas na sub-região sudoeste da RMSP (Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Juquitiba e Taboão da Serra) com a coleta de dados por meio de questionário semiestruturado e de pesquisa documental. Um resultado como destaque é o que acontece com a cooperativa Coopermape, que possui um número de nove empresas parceiras para doação de materiais recicláveis. Com algumas parcerias organizacionais percebem-se as possibilidades de efetividade de conceitos como sustentabilidade ambiental pelas parcerias entre cooperativas e médias e grandes empresas.
Keywords: solid waste; partnerships; recycling; sustainability cooperatives.

1 INTRODUÇÃO

As cooperativas de reciclagem possuem grande importância no desenvolvimento sustentável e são extremamente úteis no âmbito ambiental e econômico para os países que sabe utilizar estas ferramentas, pois funcionam como mecanismo de auxílio contra efeitos maléficos causados pelo acúmulo de resíduos sólidos nos lixões urbanos. Existem muitas pessoas que sobrevivem do reaproveitamento do lixo produzido nas cidades, sendo assim, o reaproveitamento é também uma questão econômica, haja vista que a reciclagem desses resíduos é uma fonte de renda para o catador ou cooperado. As cooperativas tratando corretamente os lixos contribuem positivamente para a sustentabilidade, diminuindo assim os problemas ambientais decorrentes do acúmulo de resíduos sólidos urbanos.

Muitas organizações divulgam parcerias com a dificuldade de representar os três pontos principais da sustentabilidade – a economia, a sociedade e o ambiente (BELL; MORSE, 2012). A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) destaca o papel das organizações e também no problema regional dos resíduos. Quando a gestão fica, cada vez, mais descentralizada ao ponto da região, facilita-se o cumprimento de metas (BRASIL, 2010).

Mediante o destaque dos papéis das regiões e das organizações na PNRS, esse trabalho tem como relevância acadêmica levar conhecimento para os estudantes sobre a temática e conscientizar de forma geral sobre as ações sustentáveis voltadas a comunidade. Estas ações por sua vez, podem se concretizar em forma de parceria entre organizações privadas ou publicas com cooperativas de reciclagem.

O objetivo geral deste trabalho é descrever a relação de parcerias entre organizações brasileiras e cooperativas de reciclagem da sub-região sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. Como objetivos específicos busca-se evidenciar o perfil de cooperativas de reciclagem, descrever o desempenho de cooperativas de reciclagem e descrever as parcerias entre organizações e cooperativas de reciclagem. As coletas de dados foram feitas através de questionário semiestruturado e pesquisa documental.

Como resultados, espera-se descrever e analisar, por meio a relação organizações e cooperativas de reciclagem, de acordo com as diretrizes da PNRS. Os resultados podem contribuir para que as tomadas de decisão dos interessados pelas organizações sejam cada vez mais coerentes com a efetividade das parcerias organizacionais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente trabalho abordará a importância do cooperativismo na economia e na sociedade, buscando realizar um estudo sobre as cooperativas e seu funcionamento, catadores de lixo, reciclagem para a gestão ambiental, alternativas para a destinação do lixo e equilíbrio da distribuição da renda.

Além de trazer economia para as organizações, preservar o meio ambiente, é possível conquistar mais clientes. Cada dia mais as pessoas estão se conscientizando da necessidade de preservar o meio ambiente para que as próximas gerações possam ter qualidade de vida. Portanto, os consumidores estão pesquisando empresas que incentivem a preservação do meio ambiente e estão dispostas a trocar produtos de sua preferência por produtos que auxiliam a preservação ambiental.

Explanando também as parcerias entre empresas brasileiras e as cooperativas de reciclagem. Este tema em consequência dos anteriores comprova que as parcerias entre cooperativas de reciclagens e empresas que tenham interessem em reduzir custo e preservar o meio ambiente, tornam-se modelo de política de resíduos sólidos que trazem muito benefícios à sociedade, bem como para o meio ambiente.

2.1 Sustentabilidade Ambiental

Em meio às discussões sobre sustentabilidade, ocorre a crise ambiental. Segundo Silva (2006, p. 123), a crise ocorreu no período de 1960 onde os estudantes hippies apareceram com seus ideais. Naquele momento, o governo passou a observar os impactos do meio ambiente na economia.

Um dos grandes avanços em políticas de sustentabilidade foi a Agenda 21. Trata-se de um programa desenvolvido em prol de instituir um padrão ao que se refere à sustentabilidade ambiental. Para o desenvolvimento deste documento, utilizou-se parte do conceito descrito por Silva (2006, p. 126), onde se destaca: “sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica na capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas, em face das interferências antrópicas”.

Embora a tecnologia e o conhecimento das capacidades humanas vêm sendo estudados e aprimorados, não são suficientes para que suprir as necessidades do ambiente social. Dentro desta perspectiva, Tachizawa (2002, p.77) destaca que a responsabilidade social é apontada como peça principal na solução dos problemas que preocupam o mercado.

2.2 Parcerias Organizacionais

As parcerias organizacionais ou interorganizacionais contribuem para a governança territorial quando se articulam para valorizar do território (VALE, 2007).

As empresas, cada vez, mais procuram padrões para se adaptarem ao território que oferecem seus produtos e seus serviços, contribuindo para a tomada de decisão da demanda em seu favor. Isso se deve pela relação “população-ecologia” (TURETA; REIS; ÁVILA, 2006, p. 8).

Com o desígnio desses anseios, há uma forma que contribui ao território, cumprindo a PNRS ao reduzir a destinação de resíduos em aterros sanitários: a parceria com cooperativas de reciclagem.

O fluxo de informações e de doações entre empresas e cooperativas de reciclagem contribui para a diminuição da exaustão dos recursos naturais, da degradação do meio ambiente e, em contrapartida, do aumento da qualidade de vida.

As parcerias entre empresas e cooperativas de reciclagem se caracterizam como Redes Organizacionais e valorizam o território (VALE, 2007).

É importante que as empresas reconheçam seus processos de produção de bens e de serviços. Dessa forma, as parcerias com cooperativas de reciclagem podem ser controladas no sentido de minimizar os impactos negativos (ROSELAND, 2012).

Por causa da diminuição do ciclo de vida de produtos, ante as novas tecnologias e à inovação, essa parceria pode trazer muitas oportunidades para as empresas, pois, as cooperativas de reciclagem praticam a logística reversa, que atenta para o retorno dos resíduos dos produtos e serviços para o meio ambiente (CHAVES; BATALHA, 2006).

Com o foco voltado não somente para a competição, mas para a cooperação, as redes ou parcerias entre empresas e cooperativas de reciclagem colaboram para satisfazer atores locais como comunidade e governo, a fim de escolher melhores meios de “usar os ecossistemas de que dependem” (ABRAMOVAY, 2010, p. 97).

2.3 Política Nacional de Resíduos Sólidos através das Cooperativas de Reciclagem

A Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) visando à separação e coleta de matérias recicláveis, visto que a reutilização dos mesmos gera trabalho e renda, tem valor social, além de ser um bem para a economia. Institui a coleta seletiva como instrumento de gestão sustentável que são de responsabilidade dos municípios. Os resíduos sólidos são classificados basicamente como resíduos domiciliares, comercias, de limpeza urbana, como varrição, limpeza de ruas e vias publicas (BRASIL, 2010).

O aumento populacional e a intensidade da industrialização são os principais fatores da produção de lixo urbano. E para atender a esse crescimento populacional, uma maior produção de alimentos e materiais industrializados é necessária, para atender a todos. (COELHO, TOCCHETTO, MEINHARDT JUNIOR, 2013). Outro fator que pode ser citado é o cultural onde se nota uma relação entre produção de lixo e poder aquisitivo da população. Há um tempo, a produção de lixo no Brasil era de procedência orgânica, mas como em países desenvolvidos, aqui também houve um aumento de produtos descartáveis e com isso, mais lixo sendo produzido (COELHO, TOCCHETTO, MEINHARDT JUNIOR, 2013).

Uma maneira que pode auxiliar no aumento da separação de resíduos sólidos feitos nos domicílios são as campanhas sobre reciclagem fazendo com que as pessoas participem. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency – EPA, 2012) adotam os incentivos monetários para aumentar a participação das pessoas nos programas de reciclagem. Os municípios pagam pela coleta convencional com base na quantidade de resíduos descartados. Com a separação dos materiais recicláveis feito pela população, diminui a quantidade de lixo sem aproveitamento, consequentemente o valor pago pela coleta.

Em 2003 a prefeitura da cidade de São Paulo implantou o Programa de Coleta Seletiva Solidaria que se baseava na inclusão das cooperativas de catadores como gerenciadores das centrais de triagem de reciclagem o que não ocorreu de fato. Sendo assim a ineficiência e a baixa abrangência da coleta seletiva fez a cidade perder em torno de “R$749 milhões” anuais. Milhões de toneladas de papel, papelão, plástico e outros materiais recicláveis são enterrados juntamente com outros resíduos sólidos ao invés de serem reaproveitados através da reciclagem por não ter tido quem separasse um do outro (IPEA, 2010).

As características comuns deste tipo de trabalhador é forma de trabalho independente e em condições precárias de segurança e saúde. Outra forma de coleta que é feita é a coleta clandestina que são em caminhões e carros em mal estado para uso e é justamente essa coleta clandestina que prejudica o trabalho das cooperativas de catadores. Essas cooperativas de catadores são remuneradas com o dinheiro que vem através das vendas dos materiais coletados (JACOBIE BESEN, 2011).

As cooperativas são associações de pessoas com características próprias e natureza jurídica definida. Essas organizações são constituídas para prestar serviços aos associados, sendo que constituídas por, no mínimo, vinte cooperados. Esses membros estabelecem entre si uma divisão democrática das atividades, as quais devem ter objetivos sociais e econômicos previamente definidos (BRASIL, 2013).

As cooperativas de reciclagem possuem um papel muito importante no ponto de vista ambiental, neste sentido existe uma necessidade de que as cooperativas tenham parcerias com empresas, Organizações Não-Governamentais (ONG), prefeituras e outras. Segundo Demajorovic (2012), as parcerias entre cooperativas de reciclagem e empresas não devem ser analisados apenas pela renda e pelo emprego. É de suma importância os benefícios ambientais feitos através das parcerias, esses benefícios ambientas podem ser observados a partir das próprias cooperativas que visam ter um programa sustentável e contribuir assim com o meio ambiente.

3 METOLOGIA

Diante da proposta apresentada no trabalho, por meio dos objetivos de evidenciar o perfil de cooperativas de reciclagem, descrever o desempenho das cooperativas de reciclagem e descrever as parcerias entre organizações e cooperativas de reciclagem, verificou-se a necessidade de aplicarmos um questionário para realizar a análise de dados. Tal questionário foi aplicado em quatro cooperativas de reciclagem em quatro municípios da sub-região Sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. São elas: COOPERMAPE (Embu das Artes-SP), COOPERCRIS (Itapecerica da Serra-SP), COOPERJU (Juquitiba-SP) e COOPERZAGATI (Taboão da Serra-SP).

Dentre todas as empresas parceiras, apenas 12 possuem sites durante o momento que foi realizada a pesquisa (ano de 2014), são elas: SPMAR (2014), Extra (2014), Colégio Santo Américo (2014), Ecopav (2014), Prodesp (2014), Natura (2014), Ecopav (2014) e Palmont (2014) e Prefeituras: Embu das Artes (2014), Taboão da Serra (2014), Itapecerica da Serra (2014) e Juquitiba (2014). 5 não possuem site, que são: Petit Village, Hospital HGP, Kartódromo, Samway e Papiros e das 12 que possuem site, apenas 3 empresas falam sobre sustentabilidade e responsabilidade ambiental em seus sites, Natura, Ecopav e Palmont as outras 8 não falam sobre o assunto.

O questionário aplicado segue três partes. Pelas três primeiras questões busca-se identificar o perfil de cada entrevistado. As quatro questões seguintes as características das cooperativas de reciclagem entrevistadas e as quatro últimas buscam descrever as parcerias que as cooperativas de reciclagem possuem com outras empresas ou organizações.

As questões foram na seguinte sequência, perfil do entrevistado: (1) Qual o cargo que o profissional entrevistado exerce na cooperativa, (2) Qual a escolaridade do entrevistado, (3) Qual a formação do entrevistado. A segunda parte sobre as características das cooperativas de reciclagem que foram feitas na seguinte ordem: (4) Quanto foi coletado em Kg, durante o ano de 2012 pela cooperativa em soma de resíduos sólidos, (5) quantos equipamentos eletrônicos as cooperativas possuem para a produção, (6) quantos veículos a cooperativas possui para transporte de resíduos sólidos e (7) qual o tamanho da cooperativa de reciclagem em metros quadrados.

Na terceira e última parte, destacou-se as parcerias que as cooperativas possuem com empresas. A ordem foi a seguinte: (8) com quais empresas a cooperativa de reciclagem possui contrato para parceria de apoio, (9) qual foi o valor, em dinheiro, da soma dos apoios das empresas para a cooperativa de reciclagem durante 2012, (10) se a cooperativa de reciclagem forneceu dados para empresas parceiras e quantas vezes e a última questão (11) foi referente a quantas empresas parceiras doaram e quantas vezes as empresas parceiras doaram.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS

Tendo em vista a grande necessidade de frear esse impacto causado pela degradação do meio ambiente, foi necessário apresentar um questionário, buscando compreender as parcerias entre cooperativas de reciclagem e empresas. Para diminuição de problemas causados pelo mercado, o autor Tachizawa (2002, p. 77) destaca que a responsabilidade social é a solução para esse problema.

Outro aspecto relevante que deve ser apontado é a logística reversa que as cooperativas de reciclagem utilizam em parceria com organizações que doam materiais para a reciclagem. Devido a escassez de matéria prima natural, existe a necessidade de se reutilizar os materiais que podem ser transformados em novos produtos, utilizando as novas tecnologias e inovações disponíveis, essas parcerias podem trazer muitas oportunidades para as organizações e cooperativas de reciclagem, pois, as cooperativas de reciclagem praticam a logística reversa, que atenta para o retorno dos resíduos dos produtos e serviços para o meio ambiente (CHAVES; BATALHA, 2006).

Nas cooperativas de reciclagem entrevistadas foram obtidos os seguintes resultados: Cooperativa do Município de Embu das Artes (COOPERMAPE) foi aplicado o questionário com a presidente da cooperativa. Respondendo as três primeiras questões, a mesma informou que possui o Ensino Médio completo, porém, não tem formação acadêmica.

Referente a segunda parte do questionário, foi informado que a cooperativa coletou, em 2012, 2.443.248 Kg em resíduos sólidos, possui 3 prensas, 1 balança, 1 hr, 1 empilhadeira e 1 esteira como equipamentos para a produção, ainda sobre a segunda parte do questionário a cooperativa possui 1 caminhão, 1 perua e outros 3 caminhões da Prefeitura do Município e a área da cooperativa é de 450 metros.

A terceira e última parte foi informado sobre as parcerias que a cooperativa possui. São elas SPMAR, Extra, Colégio Santo Américo, Cond. Petit Village, Hospital HGP, Kartódromo, Ecopav e Prefeitura Municipal de Embu das Artes. O valor coletado em dinheiro não foi informado, apenas foi passado as vendas em Kg que foi de 1.031.010, não foi informado se a cooperativa forneceu dados de administração para as empresas parceiras. Sobre a última questão, a SPMAR doou 8.500, Extra 6.500, Colégio Santo Américo 4.200, Cond. Petit Village 2.800, Hospital HGP 4.500, Kartódomo 300 e Ecopav 7.900, todos os valores em Kg. É importante ressaltarmos a principal parceira e da cooperativa que é a Prefeitura do Município de Embu das Artes, conforme ilustrado no gráfico 1 - Principais Parceiros da Coopermape.

Gráfico 1: Principais Parceiros da Coopermape.
Fonte: Próprios Autores.

A empresa parceira da COOPERMAPE (ECOPAV, 2014) mostra em seu site algumas informações e preocupações com a sustentabilidade e meio ambiente. O site informa que com o crescimento de preocupação com a devastação do meio ambiente e com a desigualdade social no mundo levantaram questões que tornaram o setor de Planejamento de resíduos urbanos, que é uma peça fundamental para o bom funcionamento das cidades e o bem-estar da população. Neste site, a empresa mostra a preocupação com meio ambiente informando também que as discussões sobre toneladas de resíduos sólidos produzidos nos centros urbanos incorporam outras disciplinas, como a educação e as ciências sociais, relevando a interdependência entre os diversos setores da sociedade. É, por esta razão, que as lideranças do setor público e privado buscam cada vez mais as gestões sustentáveis, que não só minimizam impactos ambientais, como também criam novos mercados e oportunidades de trabalho, educam e conscientizam a sociedade.

No site da empresa Ecopav (2014), ainda é possível observar que o grupo da empresa faz da preocupação com a preservação dos recursos naturais e do bem estar nas cidades, sua principal missão ao implementar logísticas, desenvolver e aprimorar serviços, implantar usinas e aterros, pesquisar e adquirir novas tecnologias e agir para que novas diretrizes e leis sejam implementadas. Presentes na atuação do dia-a-dia da Ecopav estão a varrição de centenas de quilômetros de ruas e praias, mantendo o solo, os animais, os rios e os oceanos mais protegidos dos resíduos da atividade humana; a coleta seletiva de resíduos e no trabalho em conjunto com cooperativas de reciclagem; a reintrodução na cadeia produtiva de materiais que seriam descartados na natureza e encontram novo uso na construção civil, na fertilização de plantações e na geração de energia; também em campanhas educacionais de jornal, rádio e TV, destinadas a comunidade com o intuito de disseminar conceitos e práticas sustentáveis; nas ações em escolas dos municípios onde atua com atividades destinadas as crianças e jovens e na realização de oficinas pedagógicas e palestras sobre educação ambiental e destinação de resíduos em espaços que integram atividades de valorização de resíduos como o CER (Centro de Ecoeficiência em Resíduos).

Na cooperativa de reciclagem do Município de Itapecerica da Serra (COOPERCRIS), a entrevistada foi a Secretária, a mesma informou que possui o Ensino Médio Completo como escolaridade não possui formação acadêmica. Sobre as características da cooperativa de reciclagem, não foi informado quanto foi coletado em kg durante 2012 em soma de resíduos sólidos. Sobre os equipamentos para a produção, a cooperativa possui no total 7 equipamentos e são eles: 1 esteira, 2 prensas, 2 balanças e 2 empilhadeiras, veículos a cooperativa possui 2 caminhões grandes e 1 caminhão pequeno, o tamanho informado da área da cooperativa é de 850 metros.

Na última parte do questionário, foi informado que a cooperativa COOPERCRIS possui algumas parcerias com empresas como Natura (2014), Palmont (2014), Papiros e a Prefeitura do Município de Itapecerica da Serra. Não foi informado o valor em dinheiro da soma dos resíduos sólidos. Sobre o fornecimento de dados sobre a movimentação da cooperativa, o gestor não esboçou nenhuma resistência mas não informou quantas vezes passaram as informações de dados da administração para as organizações parceiras e nem quantas vezes as empresas doaram. A secretária também ressaltou que a principal parceria é com a Prefeitura de Itapecerica da Serra.

No site da empresa Palmont (2014) é possível observar que a parceira tem como política da qualidade, de satisfação do cliente através da realização de serviços diferenciados, baseados à qualidade. Também são considerados o cumprimento dos prazos estabelecidos com segurança, visando um desenvolvimento sustentável, respeitando e valorizando seus colaboradores, um dos objetivos da qualidade da empresa é a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável.

A empresa Natura (2014) que também tem parceria com a Coopercris e informa que ser sustentável é utilizar de forma adequada os recursos naturais disponíveis no momento garantindo as necessidades de futuras gerações. O desafio da empresa é tornar a sustentabilidade um dos principais pilares de inovação e geração de novos negócios. Hoje o tema é um componente muito importante  no planejamento da Natura e ajuda a companhia a definir metas, atividades de educação e análises de desempenho e remuneração para os colaboradores, entre outros.

No site da empresa também informa sobre as estratégias de sustentabilidade da Natura, que nasceu da relação entre a Natura e seus clientes, fornecedores e todos os parceiros, que ajudam a identificar os temas socioambientais mais importantes para o negócio. Com os chamados Temas Prioritários, como por exemplo, Educação, são considerados o planejamento e definição de projetos e de programas. Observa-se, também, que para contribuir com o desenvolvimento do País, a empresa Natura mantém relações comerciais com 36 comunidades para adquirir os insumos naturais que são utilizados nos produtos a fim de influenciar diretamente o desenvolvimento econômico e social dessas populações.

Durante 2012, esses acordos comerciais movimentaram R$ 12 milhões, volume 12% superior a 2011. A Natura ainda informa que acredita que o trabalho pode inspirar as pessoas da rede – colaboradores, consultores, consumidores, fornecedores, acionistas, além da imprensa, organizações da sociedade civil e órgãos públicos -  a se autodesenvolverem e adquirirem cada vez mais uma consciência socioambiental. A Natura é uma das parceiras que apoiam a Coopercris. Foi feita a aplicação do questionário também na cooperativa de reciclagem do Município de Juquitiba (COOPERJU). O entrevistado possui cargo de Secretário da cooperativa, possui Ensino Médio Completo, porém, não possui formação acadêmica. Foram informados alguns dados sobre as características da cooperativa como: 2 prensas como equipamentos para a produção e 4 caminhões para o transporte de resíduos, as demais questões da segunda parte não forma informadas. Como parcerias a COOPERJU tem apenas a Prefeitura Municipal de Juquitiba e forneceu dados para a mesma, não foram informadas quantas vezes foram fornecidos os dados. Nenhuma outra empresa doou somente a Prefeitura do Município.

No Gráfico 2 destacam-se as características das cooperativas pesquisadas.

Gráfico 2: Características das cooperativas entrevistadas.
Fonte: Próprios Autores.

Também foi aplicado o questionário na cooperativa de reciclagem do Município de Taboão da Serra (COOPERZAGATI), onde o Presidente foi entrevistado, o mesmo informou que possui o Ensino Médio Completo, porém, não tem formação acadêmica.

Sobre as características da cooperativa de reciclagem, o entrevistado passou os seguintes dados: mais de 20 toneladas de resíduos sólidos foram coletadas em 2012. A Cooperativa possui 8 equipamentos para a produção, são eles: 3 prensas, 2 balanças, 2 empilhadeiras, e 1 esteira. Sobre os veículos para transporte foi informado que a cooperativa possui 4 caminhões, porém, não foi informada a área da cooperativa.

Na terceira e última parte, foi informado que a cooperativa tem parceria apenas com a Prefeitura Municipal de Taboão da Serra, porém, algumas empresas doaram em 2012. São elas: Prodesp, Hospitais AMA’s, Sipal e Samway. Não foram informados valores da soma de resíduos sólidos e nem se a cooperativa forneceu dados da administração para as empresas parceiras. O Presidente ressaltou a importância da Prefeitura Municipal de Taboão da Serra para a cooperativa. Também foi informado o quanto em kg às cooperativas receberam de doações de resíduos sólidos, também os equipamentos que as cooperativas de reciclagem possuem para a produção, os veículos para transporte de materiais e área em km.

Na Figura 1, é possível analisar quais são os principais parceiros para doação de materiais recicláveis de cada cooperativa.

Figura 1: Parcerias Organizacionais.
Fonte: Próprios Autores.

Ressalta-se a importância das Prefeituras municipais em todas as cooperativas entrevistadas. Elas possuem um papel fundamental para a sobrevivência de tais cooperativas de reciclagem, uma das cooperativas (como mostra a figura anterior) é extremamente dependente da Prefeitura do Município, onde a Prefeitura da o apoio e parceria para a prática de reciclagem na região.

No Gráfico 3 observam-se as parcerias em quantidade de cada cooperativa em que foi aplicado o questionário.

Gráfico 3: Número de empresas parceiras.
Fonte: Próprios Autores.

As cooperativas de reciclagem dos Municípios de Embu das Artes (Coopermape), Itapecerica da Serra (Coopercris) e Taboão da Serra (Cooperzagati), são as cooperativas que possuem maiores números de empresas parceiras para receberem doações de materiais recicláveis. Porém, a cooperativa de reciclagem do Município de Juquitiba (Cooperju) apenas conta com parceria e apoio da Prefeitura do Munícipio.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista que os temas de sustentabilidade e cooperativismo são abrangentes. Este trabalho pode esclarecer uma parcela do que o desenvolvimento sustentável pode interferir e influenciar a vida dos indivíduos e o ciclo das organizações, trazendo benefícios para a sociedade como um todo. As cooperativas possuem uma parcela significativa ao que se refere a desenvolvimento sustentável. O surgimento das cooperativas veio através do desemprego causado pela Revolução Industrial, hoje exercem um papel importante na sociedade, pois, além de gerar empregos, auxilia em reduzir os resíduos sólidos, diminuir o impacto que os resíduos têm no meio ambiente, tornar acidades mais sustentáveis e geram economia.

Destaca-se neste trabalho o importante trabalho que as cooperativas da região sudoeste de São Paulo desempenham. As cooperativas Coopermape de Embu das Artes, Coopecris de Itapecerica da Serra e Cooperzagati de Taboão da Serra, reduzem o número de resíduos sólidos e contribuindo para a preservação do meio ambiente. Contudo, incluem-se as doações feitas por parceiros, já a Cooperju conta apenas com a doação da prefeitura do município.

Foi demonstrado qual era a relação entre as cooperativas de coleta seletiva e seus parceiros destacando quais os benefícios destas parcerias para as cooperativas e para o meio ambiente. Sendo assim, a pesquisa foi limitada a destacar apenas as informações coletadas nas cooperativas de coleta seletiva, pois muitos dados não foram informados para contribuição da pesquisa.

Para complementar a linha de pesquisa destacada neste trabalho, é necessário coletar dados nas empresas parceiras destas cooperativas de coleta seletiva. Desta forma, seria possível destacar e mensurar a amplitude dos benefícios e dificuldades enfrentadas pelos parceiros que se envolvem neste trabalho junto às cooperativas.

REFERÊNCIAS

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