Déficits cognitivos na vida adulta decorrentes da quimioterapia aplicada durante o desenvolvimento neural na infância e na adolescência1*

Carolina Vieira Cardoso 2

Eduardo Fernandes Bondan 3

RESUMO
Embora tenha havido nas últimas décadas um progresso marcante nas taxas de sobrevida de crianças com câncer, é reconhecido que a quimioterapia administrada durante o período da infância e da adolescência pode exercer significativa toxicidade sobre o sistema nervoso central (SNC). Pode, por exemplo, afetar as funções neurocognitivas dos sobreviventes, inclusive com prejuízo no rendimento escolar/acadêmico ainda quando crianças e/ou tardiamente, em idade adulta, dessa forma influenciando de maneira expressiva a qualidade de vida futura desses indivíduos. Modelos animais e estudos clínicos têm permitido a busca da compreensão dos mecanismos patogênicos que envolvem os déficits cognitivos induzidos pela quimioterapia em crianças e adolescentes, contribuindo ainda para o desenvolvimento de drogas que visem a prevenir ou minimizar os efeitos colaterais no SNC desses pacientes. Na presente revisão, busca-se apresentar estudos que descrevem a disfunção cognitiva tardia induzida pela quimioterapia aplicada no período da infância e da adolescência, discutindo os possíveis mecanismos incriminados, suas repercussões na vida adulta e a importância dos estudos pré-clínicos in vivo na busca de protocolos terapêuticos que atenuem ou impeçam a ocorrência desse fenômeno.
Palavras-chave: adolescência; déficits cognitivos; quimioterapia; infância; neurotoxicidade.

Cognitive deficits in adult life induced by chemotherapy during neural development in childhood and adolescence

ABSCTRACT:
Although there has been marked progress in the survival rates of children with cancer in recent decades, it is recognized that chemotherapy administered during childhood and adolescence can exert significant central nervous system (CNS) toxicity. It may, for example, affect the neurocognitive functions of the survivors, even with a loss in school/academic performance as children and/or lately in adulthood, thus influencing the quality of life of these individuals. Animal models and clinical studies have allowed the search for an understanding of the pathogenic mechanisms that involve the cognitive deficits induced by chemotherapy in children and adolescents, and also contribute to the development of drugs aiming to prevent or minimize the CNS side effects in these patients. This review aims to present studies describing the cognitive dysfunction induced by chemotherapy applied in the periods of childhood and puberty, discussing the possible incriminated mechanisms, their repercussions in adult life and the importance of pre-clinical studies in vivo in the search for therapeutic protocols that attenuate or prevent the occurrence of this phenomenon.
Keyword: adolescence; cognitive déficits; chemotherapy; childhood; neurotoxicity.

A presente revisão acerca dos efeitos cognitivos tardios da quimioterapia administrada nos períodos da infância e adolescência fundamentou-se na busca de artigos e obras bibliográficas nas principais bases de dados disponíveis (PubMed, Web of Science, Scielo e LILACS), com vistas à seleção de trabalhos escritos em português, inglês, francês ou espanhol a partir do ano de 2000. Os termos aplicados para a pesquisa foram, principalmente, rodent and human brain development; chemobrain; chemotherapy in. infancy/childhood/puberty; cognitive changes in cancer survivors.

A quimioterapia tem sido bem-sucedida no tratamento de muitas formas de câncer e na melhoria das taxas de sobrevivência dos pacientes (Schirrmacher 2019). Em crianças com câncer, tais taxas aumentaram drasticamente nas últimas décadas e esses resultados positivos começaram a chamar a atenção para os efeitos pós-terapêuticos das drogas anticâncer (Ford et al. ٢٠١٤).

As drogas citostáticas utilizam vários mecanismos pelos quais são capazes de combater o câncer (Mansoori et al. 2017). Os agentes alquilantes alquilam átomos ricos em elétrons, formam ligações covalentes e reagem com bases de DNA, reações essas que impedem que as células se repliquem (Silverman; Holladay 2014). A cisplatina e seus análogos formam adutos monofuncionais e bifuncionais que conduzem a ligações cruzadas inter- e intra-cadeia de DNA, interrompendo a sua separação, replicação e transcrição (Seigers; Fardell 2011). Os antimetabólitos perturbam a biossíntese e a função dos ácidos nucleicos e prejudicam a formação de novos DNA e RNA, levando à parada do ciclo celular (Mansoori et al. 2017). Finalmente, os inibidores da topoisomerase são capazes de quebrar a cadeia simples ou dupla na dupla hélice do DNA, o que relaxa o estresse torcional que ocorre quando a dupla hélice do DNA se desenrola, interferindo, assim, em processos celulares vitais e levando a danos citotóxicos no DNA, que, por sua vez, causarão a parada do ciclo celular, induzindo à apoptose ou à necrose (Chabner et al. 2011).

As consequências neurocognitivas e psiquiátricas decorrentes dos tratamentos utilizados para crianças com câncer podem influenciar de maneira marcante a qualidade de vida futura dessas crianças (Henderson et al. 2010). Efeitos físicos e psicológicos adversos de longo prazo acompanham a sobrevivência de muitas das crianças curadas e podem não se manifestar até a idade adulta, afetando diversos aspectos da função cognitiva, incluindo atenção, memória, velocidade de processamento, intelecto, desempenho acadêmico e saúde emocional (Anderson; Kunin-Batson 2009). As razões para tal morbidade neurocomportamental podem ser múltiplas, no entanto, a toxicidade induzida pela quimioterapia sobre o sistema nervoso central (SNC) parece ser a principal responsável (Ikonomidou 2018).

A disfunção cognitiva varia em gravidade, ocorrendo principalmente em crianças sobreviventes de tumores cerebrais ou de leucemia linfoblástica aguda (LLA). No entanto, pode afetar qualquer criança tratada com radioterapia na região da cabeça e pescoço, com quimioterapia neurotóxica repetitiva ou com transplante de células-tronco hematopoiéticas (Butler; Mulhern 2005; Nathan et al. 2007; Lopez-Lopez et al. 2013; Cordelli et al. 2017).

Os déficits cognitivos decorrentes do câncer infantil parecem ser mais frequentes e graves do que o chemobrain de adultos (Rodgers et al. 2013; Tallia 2013). Em comparação com indivíduos controles, os sobreviventes de tumores cerebrais na infância apresentam menor probabilidade de se casar (Frobisher et al. 2007), de concluir o ensino médio (Mitby et al. 2003), de manter um emprego (Armstrong et al. 2009), ou de receber cuidados de saúde apropriados (Henderson et al. 2010). A disfunção cognitiva pode ocorrer logo no diagnóstico do câncer ou um pouco após, no entanto, os déficits muitas vezes surgem insidiosamente anos depois (Castellino et al. 2014).

A vulnerabilidade do encéfalo em desenvolvimento a substâncias tóxicas depende de dois fatores principais relacionados à exposição. O primeiro fator diz respeito a se um agente ou seus metabólitos ativos atingem o período de desenvolvimento do sistema nervoso. Por sua vez, o segundo fator está relacionado ao tempo de exposição (Rice; Barone 2000; Harry; Kraft 2012). Exposição a substâncias tóxicas ambientais coincidentes com a ontogenia dos processos de desenvolvimento provavelmente causará efeitos adversos se interferirem na cascata de eventos desses processos. De modo geral, se ocorrer a exposição antes ou depois de um órgão se desenvolver, a vulnerabilidade à perturbação será menor do que se a exposição ocorrer durante o desenvolvimento deste órgão (Falck et al. 2015).

Modelos animais se mostram valiosos para a compreensão dos mecanismos patogênicos do comprometimento cognitivo em humanos, bem como para o desenvolvimento de drogas visando à sua prevenção e tratamento, de forma a se avaliar o potencial terapêutico dessas substâncias antes de sua utilização em ensaios clínicos (Schindler; Goldberg 2013).

Ensaios pré-clínicos in vivo permitem que os efeitos dos medicamentos sejam abordados independentemente de outros possíveis fatores contribuintes e forneçam uma maneira rápida de avaliar muitas drogas. Com uma vida útil média de cerca de dois anos, os roedores permitem que os efeitos sejam estudados também dentro de uma estrutura de desenvolvimento (Bisen-Hersh et al. 2011). O uso de roedores possibilita ainda o estudo de combinações entre drogas, facilitando, assim, a obtenção de protocolos terapêuticos para o câncer (Holen et al. 2017).

Os mecanismos subjacentes da neurotoxicidade induzida pela quimioterapia, como a diminuição da proliferação celular, só podem ser estudados usando modelos pré-clínicos, assim como drogas que podem prevenir ou aliviar os efeitos deletérios resultantes do tratamento quimioterápico podem igualmente ser avaliadas nesses modelos (Flatters et al. 2017).

O desenvolvimento neural tem sido demonstrado como um processo que se estende desde o período embrionário até a idade adulta jovem (Tierney; Nelson 2009). Em geral, a sequência de eventos é comparável entre as espécies (humanos e roedores), embora as escalas de tempo sejam muito diferentes (Rice; Barone 2000; Semple et al. 2013). A exposição ao desenvolvimento de animais ou humanos a numerosos agentes (por exemplo, raios X, metilazoximetanol, etanol, chumbo, metilmercúrio ou clorpirifós) demonstra que a interferência com um ou mais dos processos de desenvolvimento (proliferação, migração, diferenciação, sinaptogênese, mielinização e apoptose) pode levar à neurotoxicidade do desenvolvimento (Barone et al. 2000). Diferentes domínios comportamentais (por exemplo, funções cognitivas, sensoriais e motoras) são amparados por diferentes áreas encefálicas (Leisman et al. 2014), (Paterson et al. 2006). Embora existam diferenças importantes entre o encéfalo de roedores e o humano, estruturas análogas podem ser identificadas. Além disso, a ontogênese de comportamentos específicos pode ser usada para extrair inferências da maturação de estruturas encefálicas específicas ou de circuitos neurais em roedores e primatas, incluindo humanos (Geschwind; Rakic 2014).

Os precursores celulares do encéfalo e da medula espinhal que compõem o SNC começam a se desenvolver precocemente durante a embriogênese, por meio do processo denominado neurulação (Darnell; Gilbert 2017). A notocorda consiste em uma haste celular que define o eixo primitivo do embrião e que será incorporada no sistema vertebral. A notocorda induz o tecido ectodérmico a formar a placa neural em aproximadamente duas semanas de gestação em humanos. Este tecido ectodérmico sobrejacente dá origem ao SNC (Sousa et al. 2017). Em humanos, aproximadamente no dia gestacional (DG) 18, a placa neural invagina ao longo de seu eixo central para formar o sulco neural com dobras neurais em cada lado. Até o final da terceira semana de gestação em humanos, as dobras neurais começarão a se mover juntas e se fundirão, formando o tubo neural perto da extremidade anterior da notocorda. Esta fusão progride tanto cranialmente quanto caudalmente de maneira semelhante a um zíper. O tubo neural então se separa do ectoderma sobrejacente, tornando-se uma superfície contígua sobre a parte de trás do embrião e que se diferencia na epiderme da pele  (Bakker et al. 2017). Com a formação do tubo neural, uma população de células se separa da superfície do ectoderme no ápice das dobras neurais para formar a crista neural, o que dará origem aos gânglios sensitivos dos nervos espinhais e cranianos, às células de Schwann, às meninges, ao encéfalo, à medula espinhal e a alguns componentes do sistema musculoesquelético da cabeça, entre outras estruturas (Stiles; Jernigan 2010). O tubo neural começa a fechar na área do rombencéfalo, acima da região de origem da notocorda, e se estende anterior e posteriormente, criando um gradiente caudo-rostral no desenvolvimento do encéfalo (Sousa et al. 2017). A formação do tubo neural está completa aproximadamente no DG 10,5 a 11 em ratos e no DG 26 a 28 em humanos. O neuroporo anterior fecha primeiro em ratos, no DG 10,5, e, em humanos, no DG 24 a 26. O neuroporo posterior fecha a seguir - em ratos, no DG 11,3, e, em humanos, no DG 25 a 28 (Greene; Copp 2009).

As antraciclinas (doxorrubicina, daunorrubicina, epirrubicina e idarrubicina) estão entre os agentes quimioterápicos mais potentes e acabaram revolucionando o manejo do câncer infantil. Elas formam a base dos regimes de quimioterapia usados para tratar a LLA na infância, a leucemia mieloide aguda, o linfoma de Hodgkin, o sarcoma de Ewing, osteossarcomas e neuroblastomas (Skitch, et al. 2017). Hoje, estima-se que mais de 50% das crianças com câncer são tratadas com antraciclinas (Armenian; Bhatia 2018).

Os danos neurológicos mais comuns relacionados à quimioterapia na infância envolvem alterações agudas na consciência, convulsões, infartos cerebrais, paralisias, neuropatias, leucoencefalopatia e ototoxicidade (Reddy; Witek 2003; Cordelli et al. 2017). A quimioterapia em crianças com neoplasias hematológicas está associada a elevações dos níveis do marcador neurodegenerativo tau no líquido cefalorraquidiano, chegando a atingir valores observados em outros distúrbios neurodegenerativos, tais como a doença de Alzheimer, o infarto cerebral e a doença de Creutzfeldt-Jakob (Van Gool et al. 2000).

Em muitas síndromes de injúria encefálica aguda e crônica, como na encefalopatia hipóxico-isquêmica, nos traumas, no status epilepticus e na neurodegeneração por disfunção mitocondrial, estímulos tóxicos operam por intermédio de dois mecanismos bem caracterizados para causar a morte neuronal, (Olney 2003; Dong et al. 2009; Ikonomidou 2018). O primeiro relaciona-se à excitotoxicidade e é definido como uma forma de morte neuronal passiva causada por estimulação excessiva de aminoácidos excitatórios (EAA) (Gillessen et al. 2013). Três subtipos de receptores de EAA - N-metil-D-aspartato (NMDA), alfa-amino-3-ácido hidroxil-5-metil-isoxazol-4-propiónico (AMPA) e receptores de cainato - são acoplados a canais iônicos (receptores ionotrópicos) (Balasuriya et al. 2013). A estimulação excessiva de receptores ionotrópicos de glutamato causam excitotoxidade e morte neuronal in vitro e in vivo (Olney 2003; Gillessen et al. 2013; Sheets 2017). A morte celular mediada por ativação das caspases representa uma segunda forma, mais lenta, de degeneração, ocorrendo em casos de lesão encefálica por hipóxia, traumas e também por disfunções mitocondriais (Martin 2010). A morte celular mediada por caspases pode ainda ser desencadeada por um estímulo excitotóxico primário de baixa intensidade (Green; Llambi 2015). No cérebro em desenvolvimento, a morte celular que ocorre após hipóxia ou trauma gera lesões que se assemelham morfologicamente às alterações decorrentes da apoptose (Thornton et al. 2017).

Dessa forma, dentre os mecanismos propostos para a ação gliotóxica e neurotóxica induzida pelos agentes quimioterápicos são incluídos o estresse oxidativo, a disrupção da neurogênese, a redução da perfusão sanguínea, a ocorrência do processo neuroinflamatório pela liberação de citocinas, bem como a ativação de mecanismos excitotóxicos pró-apoptóticos (Ikonomidou 2018).

A disfunção cognitiva relacionada ao câncer afeta um terço ou mais dos cerca de 350 mil sobreviventes de câncer infantil nos Estados Unidos (Mulhern; Butler 2004; Conklin et al. 2007; Duffner 2010; Robinson et al. 2010). Trata-se de uma síndrome complexa caracterizada pelo declínio no quociente de inteligência (QI) e/ou deficiência nos principais domínios funcionais de atenção, vigilância, memória operacional, função executiva, velocidade de processamento e integração motora (Butler; Mulhern 2005; Janzen; Spiegler 2008). Tais déficits podem comprometer o desempenho social, acadêmico e a qualidade de vida futura dos indivíduos tratados com quimioterapia na infância (Janzen; Spiegler 2008; Duffner 2010). Relatos de pais e professores descrevem que as crianças que receberam quimioterapia gastam um tempo excessivo nos deveres de casa, uma vez que possuem baixa capacidade de aquisição e retenção de informações, especialmente em leitura, ortografia e matemática (Barr et al. 1999; Mulhern et al. 2004; Conklin et al. 2008).

Distúrbios clínicos em humanos (por exemplo, esquizofrenia, dislexia, epilepsia e autismo) podem também ser o resultado de interferência com a ontogênese normal dos processos de desenvolvimento no sistema nervoso. Uma preocupação é a possibilidade de que a exposição a agentes neurotóxicos durante o desenvolvimento possa resultar em uma aceleração do declínio da função relacionado à idade. Essa preocupação é agravada pelo fato de que a neurotoxicidade desenvolvimental, que resulta em pequenos efeitos, pode ter um profundo impacto social quando considerada em toda a população e ao longo de todo o período de vida da mesma (Rice; Barone 2000).

Em crianças, a disfunção cognitiva afeta principalmente o novo aprendizado (Aarsen et al. 2009). A resolução de problemas e as habilidades sociais são adquiridas cedo na vida, aos 3 meses de idade, quando uma completa população de neurônios preenche o encéfalo. Depois deste período, a maioria das cadeias de diferenciação e proliferação neuronais tem início dentro de centros germinativos específicos (Luciana et al. 2005). As sinapses atingem seu número máximo aos 2 anos de idade; o pico de desenvolvimento da substância cinzenta acontece aos 4 anos; e o desenvolvimento da substância branca continua até a terceira década de vida. À medida que a criança envelhece, os axônios são mielinizados e os contatos sinápticos são estabelecidos e refinados por ondas de superprodução e supressão em várias partes do encéfalo em desenvolvimento, com ganhos em cognição associados à progressão temporal do amadurecimento (Armstrong et al. ٢٠٠٩; Dehorter et al. 2012).

O sexo feminino é um fator de risco para a disfunção cognitiva em alguns estudos de LLA, muito embora não haja explicação fisiopatológica clara para as diferenças de gênero observadas. Por outro lado, tais diferenças não são relatadas em sobreviventes de outros tumores (Kembhavi et al. 2010).

Uma vez que os protocolos quimioterapêuticos para o tratamento do câncer infantil consistem em uma variedade de medicamentos, é essencial examinar as possíveis interações que podem existir entre eles. Essa questão foi abordada em um estudo envolvendo ratos em diferentes combinações de tratamento com metotrexato (MTX) (2 ou 4 mg/kg, por via intraperitoneal - IP) e prednisolona (18 ou 36 mg/kg, IP), no dia pós-natal (PND) 17-18 (Mullenix et al. 1994). Esteroides, como a prednisolona, são comumente incluídos entre as drogas usadas no tratamento da LLA e existem evidências que sugerem que os glicocorticoides potencializam o dano hipocampal causado por neurotoxinas (Ciriaco et al. 2013). No referido estudo, foram aplicados testes comportamentais que evidenciaram maiores déficits cognitivos nos animais que receberam o tratamento combinado de MTX e prednisolona em relação àqueles tratados com as drogas isoladas. Os efeitos também foram dose-dependentes e sexo-dependentes, com fêmeas exibindo comportamento mais alterado quando expostas a doses menores que os machos (Mullenix et al. 1994). Tais achados são consistentes com a literatura clínica, que sugere que as meninas podem ser mais suscetíveis aos efeitos adversos dessas drogas (Waber et al. 1992).

Estudo clínico realizado com crianças e adolescentes que receberam tratamento quimioterapêutico para LLA com MTX e 6-mercaptopurina revelou uma diminuição da atenção, da função verbal, da resolução visual e espacial, e da velocidade de processamento de informações nesses pacientes (Lofstad et al. 2009). Outra análise, utilizando ressonância magnética (RM), demonstrou que o tratamento para LLA na infância levou a dano na substância branca da região da corona radiata anterior, superior e posterior e no fascículo longitudinal superior, com os pesquisadores concluindo que a vulnerabilidade de tais áreas pode ser a causa das deficiências cognitivas subsequentes observadas nos sobreviventes (Reddick et al. 2009).

Pacientes sobreviventes de sarcomas ósseos e de tecidos moles, tratados com quimioterapia na infância, apresentaram ao exame de RM alterações importantes em regiões da substância branca (Sleurs 2018), constituíndo o primeiro estudo a demonstrar tais alterações, não relacionadas com a LLA e nem com tumores do SNC.

Existem poucos estudos avaliando as mudanças na substância cinzenta durante a quimioterapia em adultos (Ikonomidou 2018). McDonald et al. (2010) avaliaram por RM as alterações na substância cinzenta de pacientes com câncer de mama e tratados com quimioterapia. O grupo de pacientes que recebeu quimioterapia apresentou uma diminuição no volume da região talâmica direita e bilateral nas áreas frontal temporal e cerebelar, exibindo alguma recuperação nessas áreas quando observados novamente após um ano.

A morfologia encefálica por RM e a função cognitiva de adolescentes e adultos jovens, sobreviventes da LLA infantil e submetidos à quimioterapia sistêmica com prednisolona, vincristina, ciclofosfamida, daunorrubicina, doxorrubicina, L-asparaginase, teniposídeo, citarabina, 6-mercaptopurina, 6-tioguanina, ciclofosfamida e dexametasona foram estudadas em relação a indivíduos saudáveis de mesma faixa etária. Foi identificada uma redução no volume médio da substância cinzenta na região do hipocampo esquerdo, da amígdala, do tálamo e do núcleo accumbens no grupo de pacientes sobreviventes da LLA. Esta análise também revelou volumes significativamente menores no giro da calcarina esquerda, em ambos os giros linguais e no precuneus esquerdo. Escores mais baixos na memória dependente do hipocampo foram encontrados em todos os indivíduos sobreviventes e aqueles que apresentaram uma menor memória figurativa correlacionavam-se com os menores volumes hipocampais. Esses achados demonstram que a LLA infantil tratada com quimioterapia está associada a menores volumes de substância cinzenta neocortical e subcortical e a um menor desempenho da memória hipocampal na adolescência e na idade adulta (Genschaft et al. 2013).

Em ratos, estudos demonstraram ainda que os animais expostos à administração sistêmica de cisplatina durante a infância e a adolescência apresentaram comprometimento da função cognitiva quando avaliados na idade adulta. O grau de comprometimento variou de acordo com a idade da exposição à droga, sendo os roedores tratados durante a adolescência os mais prejudicados em tarefas cognitivas em relação àqueles tratados durante a infância (John et al. 2016). Resultados semelhantes frente à administração de MTX associado à citarabina em camundongos infantes e avaliados durante a adolescência foram vistos por Bisen-Hersh et al. (2011).

Em uma dose equivalente a um regime de tratamento de câncer de baixa dose, 60% dos oligodendrócitos foram mortos dentro de 24 horas. Similarmente, em uma dose equivalente ao limite inferior de um regime de tratamento de câncer de alta dose, quase todos os oligodendrócitos foram mortos juntamente com 50% das células precursoras gliais (Dietrich et al. 2006). Evidências recentes sustentam que agentes quimioterápicos, que antes se julgavam incapazes de atravessar prontamente a barreira hematoencefálica, incluindo a doxorrubicina, reduzem a proliferação de células neurais no giro denteado (Janelsins et al. 2010). Tal mecanismo ainda não foi avaliado do ponto de vista do desenvolvimento, o que é importante considerar, já que a barreira hematoencefálica de uma criança ainda está em desenvolvimento e é mais suscetível aos danos no SNC induzidos pela quimioterapia (Bisen-Hersh et al. 2011).

Existe um conhecimento crescente a partir de estudos pré-clínicos sobre os efeitos dos agentes quimioterápicos utilizados contra o câncer no encéfalo de mamíferos, mas pouca informação está disponível sobre como tais achados de vários modelos animais se traduzem e se aplicam ao encéfalo humano pediátrico (Ikinomidou 2018). Uma melhor compreensão destes mecanismos patológicos e a identificação de biomarcadores que possam rastrear o risco de neurotoxicidade individualmente em pacientes podem ser a chave para modificações oportunas no tratamento do câncer infantil, visando a minimizar a neurotoxicidade induzida pela quimioterapia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a taxa de sobrevivência do câncer infantil em ascensão, é imperativo que as pesquisas se concentrem nos eventos que ocorrem após a remissão tumoral em crianças. Como recomendado pelo Children’s Oncology Group, é essencial que as crianças e seus pais sejam informados dos possíveis efeitos tardios decorrente do tratamento quimioterápico (Landier et al. 2004). A avaliação dos atuais protocolos de tratamento em suas múltiplas fases é necessária para se conhecer os efeitos específicos de drogas que podem contribuir para déficits cognitivos tardios. Esse esforço é grandemente facilitado por meio de linhas convergentes da pesquisa clínica e pré-clínica. Atualmente, a luta de uma criança com o câncer não termina com a remissão tumoral. Espera-se no entanto, que isso um dia possa acontecer a partir de esforços desenvolvidos para a pesquisa de estratégias terapêuticas que impeçam ou minimizem os efeitos tardios da quimioterapia infantil.

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1 * O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

2 Programa de Pós-Graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista - UNIP. São Paulo/SP. E-mail: [email protected]

3 Programa de Pós-Graduação em Patologia Ambiental e Experimental da Universidade Paulista - UNIP. São Paulo/SP.